“ Ficar com raiva é fácil. Mas ficar com raiva da pessoa certa, no momento certo, pela razão correta e do jeito mais adequado, isso não é nada fácil.”
A raiva é uma emoção e deve ser compreendida para que a pessoa possa desenvolver comportamentos mais adaptativos. Ela pode surgir por diversos motivos, alguém deu uma fechada no trânsito, o seu candidato não se elegeu, sua amiga não se mostrou leal, seu time perdeu.
Criamos expectativas em relação ao mundo, às pessoas e a nós mesmos e quando alguma coisa não corresponde à resposta esperada, nos sentimos frustrados. Muitas vezes, não é a situação em si, mas o valor e a interpretação que damos a ela, que nos faz sentir raiva. Por exemplo, uma mulher que se sente insegura em dirigir por que construiu a crença de que é incompetente, pode sentir muita raiva e ter um comportamento agressivo, ao ter seu carro levemente arranhado numa simples batida. Muitas vezes o acontecimento se mostra simples mas provoca uma reação muito forte.
O que está por trás da raiva? O que a situação ativou, na realidade? Precisamos estar atentos e lúcidos, para fazermos interpretações coerentes com o que se apresenta de fato. Devemos, ao sentir raiva, analisar como está nosso dia, se estamos com medo, inseguros, ansiosos, quais as experiências negativas que tivemos parecidas com a situação atual... Devemos nos permitir assumir a parte da responsabilidade que é nossa, sem culpabilizar o Outro, a chuva, o calor. Somente entrando em contato com os motivos internos que acionaram a raiva, seremos capazes de agir com sensatez.
A raiva pode esconder outras emoções, impossibilitando um contato direto com ela e consequentemente impedindo que seja elaborada.
A raiva pode sinalizar que não estamos felizes, que estamos insatisfeitos com nossa profissão, que não temos amigos, que estamos mal financeiramente, que não casamos com a pessoa ideal... e se tivermos cuidado, vamos sair por aí nos comportando de maneira agressiva e violenta.
Quando se viveu situações que ativaram, sentimentos de humilhação, rejeição, desamparo... ficaram marcas, que ao longo dos dias tendem a ficar mais apagadas. Diante de novas situações essas marcas são ativadas e causam interferências significativas no pensamento, nas emoções e no comportamento. Algumas vezes se sente uma raiva desproporcional, sem justificativa. Pode até ser que essa raiva não faça sentido no momento, mas ela pode ser a atualização de algo que aconteceu no passado.
É difícil deixar de sentir raiva, mas é possível entendê-la e escolher como nos comportar, como expressá-la.
É importante fazermos algumas perguntas a nós mesmos, antes de reagir quando sentimos raiva: Vale a pena agir assim? O que conseguirei com isso? Como ficarei depois? Como os outros ficarão? A culpa é mesmo do outro? Se estou correto resolverei isso a qualquer hora, né mesmo? Como ficarei se alguém que considero importante pra mim, me visse tendo um comportamento descontrolado? Não devemos deixar a vida nos levar, devemos levá-la com lucidez, tolerância e muito amor.
Acho importante que os adultos apresentem bons exemplos, de tolerância, de boa educação, de generosidade e de perdão, Para que amanhã tenhamos seres mais resilientes. Que diante das frustrações e dificuldades naturais da vida, consigam encontrar respostas mais adaptativas.
Jemima Morais Veras
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